Mitologias pessoais
Neste mundo de tijolos austeros que é Copenhaga o céu esbraseia. Perto do Tivoli, um octogenário navega sobre uma bicicleta de rodas minúsculas e eu penso que o circo anda por perto. Mas não. O senhor encosta a bicicleta à parede e abraça uma espanhola com metade da idade. E eu lembro-me do final do Ulisses - “… pus os braços à volta dele sim e puxei-o para baixo para mim para que pudesse sentir os meus seios todos perfume sim e o coração batia-lhe …”. A vida estava a começar. Outra vez.
Todos os dias, de manhã, penso nisto. Confesso-o.