Não passarão!
Abro o rádio na manhã domingueira e subitamente fica no ar a voz turbilhonada de Júlio Machado Vaz. O que se ouve é uma espécie de litania monocórdica:
Ela espera que ele lho diga para darem ambos um salto na relação, mas ele descansa e esquece a sua emulação de homem e é então ela quem pensa em agir, mas não o diz; e é aí que ele, de novo, volta a imitar os procedimentos do desejo de ambos, enquanto ela disfarça o traumatismo antigo e ele há-de navegar em águas doces e turvas. Por fim, sem dar por isso, é ainda ele que afaga o comodismo. E ele e ela.
No meio deste insólito face a face, Machado Vaz cita uns artigos científicos e ouve um outro radialista que diz sim, sim, sim. Se o ouvinte não soubesse que quem fala são eminências da nossa praceta, dir-se-ia que tudo aquilo não passava de charlatanice telenoveleira.
Não passarão!