Resort, retail, entrega devoradora
e o mau tempo chegou... sem dizer água vai água vem
O antigo olhar dos nómadas era caleidoscópico, porque conhecedor de entrepostos, festos (caminhos entre bacias hidrográficas) e áreas abertas. A sedentarização refundou-nos a alma em locais prescritos que se unem por vias, traços e linhas muito determinadas. Essa redoma onde circulamos concede-nos a ilusão do conhecimento integral do espaço, da paisagem e das suas compactas redes de trajectos. Transformámos assim a virtualidade do espaço em simples lugares. E, hoje, subitamente, reinventamo-los como meras passagens, artefactos repetitivos e interfaces vocacionados sobretudo para o anonimato massificado. O antípoda dos nómadas, mas seguindo-lhes sempre a sombra nostálgica, aparentemente errante e remota. Daí o sacrossanto turismo, a ilusão do espírito radical, os nexos ecologicamente correctos, a evocação do romantismo Kerouac ou flâneur e a apetência pela evasão dandy e best seller que saiba a exótico, a insondável ou a misticamente transfigurador. Tudo o que nos liberte da exiguidade do lugar (ou do não-lugar) e nos dê a ilusão de mobilidade infinita no espaço físico ou imaginário é produto pronto a vender. É esse o novo nome do sucesso. Só não o tem quem não quer. That´s the big resort. Devorador. Cada vez mais.