terça-feira, 19 de outubro de 2004

Desconstruindo

Caro MacGuffin: eu não sou um derridiano, como pode parecer. Não tenho pendor para ter heróis. Sentir-me-ia mal com uma sombra tutelar a iluminar-me o caminho, sinceramente. No entanto, admiro a obra de Derrida porque a estudei. Apenas isso e sem qualquer vergonha. Apreciei sobretudo o modo como ele entreviu a necessidade de entender a multiplicidade referencial da vida e, por outro lado, pareceu-me operatório didacticamente, para o estudo da produção do significado, a visão que celebra a montagem-desmontagem que atravessa as nossas construções culturais. Daí a dizer-se que, com Derrida, acaba a verdade, ou acaba y e x... vai um grande caminho. O maior dado do pensamento de Derrida, aliás com imenso impacto e protagonismo nos EUA, é precisamente a ideia de que não existe significado último. É uma ideia sucedânea à da conotação de Hjelmslev e à de interpretante que surge, curiosamente, como base da pragmática processual do Peirce. Para além destes factos, devo dizer que não tenho grande simpatia por muitas das ilações - sobretudo políticas - do pensamento de Derrida da sua última fase.