Mérida: 50 edições de festival
Estive ontem em Mérida e vi Prometeo del fuego a la luz (pela Compañía Karlik Danza Teatro, com direcção de Cristina D. Silveira e Memé Tabares). E desloquei-me a Mérida sobretudo para avaliar um Festival que consegue cumprir a sua 50ª edição, ao fim de setenta e um anos de idade (foi fundado em 1933 e esteve interrompido, por razões óbvias, entre 1935 e 1953). Para além de ter revisto o extraordinário espaço - esse sim, o grande espectáculo que parece fazer concordar hegelianamente espírito e forma ou heideggerianamente essência e coisa -, devo confessar que o Prometeu que me foi dado ver era sobretudo uma espécie de figura circense embalada em jeito de acrobata pelo voo hightec ao longo de uma bem cerzida rede de cabos. O espaço cénico de facto encheu-se e os artifícios fogosos e outros mais bem sucedidos (a lembrar as filmagens de Matrix – I) não bastaram para suprir a real falta de densidade plástica, mítica e poética. Mas valeu a pena. E as amplas margens do Guadiana, em Mérida, estão tão bem cuidadas!