quarta-feira, 18 de agosto de 2004

Ficcionalidades de prata – 39


(Canyon: Broadway and Exch. Place, Berenice Abbott, ca. 1935-39)

Na idade dos metais, a fé uniu-se à altitude, à altura e à elevação. Era uma real amálgama de gritos e um ilimitado bradar antes da guerra. E o terrível eco percorria penhascos, precipícios, promontórios e abismos. Uma vertigem que brotava do milagre da forja e do fogo. A mão do guerreiro tocava na lua cheia e fazia oscilar a magnitude das forças que suportavam as colunas do céu, uma a uma. Ei-las agora, aqui, noutra galáxia, a povoarem a mesma graça, o mesmo culto e o mesmo feitiço. O aço escala de novo até ao imponderável limite da respiração. E na sombra que lhe enche a carne, desenha-se o corpo exemplar, a entoação ancestral, a melopeia do apogeu. É nas extremidades que os nomes se abeiram da obstinação. Letras e números por nomes, luas e topografias por nomes, caminhos e memórias recentes por nomes. Uma fotografia que capte este corpo grandioso traz sempre consigo um eco antepassado de guerra. E um nome apenas flutuante. Nómada.