Europa vs.Trópico
Trópico, Oldham Chris
É normal que, ao longo de todo o espaço europeu, os ciclos bem demarcados da natureza acabem por ter uma inscrição mimética ou mesmo temática na produção artística. Daí que se possa dizer que a sensibilidade literária e plástica do velho continente reflicta um halo sazonal. Seria mesmo difícil citar obras em que as quatro estações do ano não se convertessem em personagens (ou em actantes) mais ou menos explícitos e mais ou menos cativantes. Daí o interesse do comentário brasileiro que a Eugénia propõe e que passo a citar:
É engraçado, às vezes penso nisso, de como o fato de não termos assim estações bem definidas nos tira o sabor dos meses. Verão ou inverno ( chuvas para os nordestinos, frio no sul ), o resto indefinido. E as férias de todos não tão concentradas. Faz uma diferença no modo de sentir o cheiro dos dias.
Eu diria mais: faz uma diferença abissal no modo de sentir os ritmos da natureza. Na Europa estes já aparecem prescritos, no Brasil tropical (e não só) há que criá-los, que reinventá-los, que transpô-los para a arena plástica e para a textura da vida. E penso que, sobre esse ponto de vista, o resultado está bem à vista.