Nacionalismos
1 - Sou um bocado alérgico a este nacionalismo que começa a desenhar-se apenas e só por causa do Euro.
Parece um espectro meio invisível que se ressuscita à pressa de um limbo distante e que agora aflora sob a forma de pequenas bandeiras nos táxis, de hinos à Hendrix na Antena 1 e de publicidade atónita e espalhafatosa (sem esquecer a campanha eleitoral que parece ter contraído empréstimo ao kitsch dominante). É coisa estriada, pouco natural e tão sazonal quanto limitada pelo curto prazo de validade.
2 - O outro nacionalismo que anda aí em voga é tão desconcertante quanto apatetado. Se viesse de meios que a si próprios se revêem como conservadores ou tradicionais, a coisa mereceria um dado olhar crítico e pela certa mordaz. Mas vindo do PCP - mascarado de inócua CDU por vergonha do nome “comunista” - o nacionalismo apenas pode explicar-se como tampão para um inevitável e perturbador vazio. Há menos de duas décadas foram sérios adversários da entrada de Portugal na então CEE. Hoje, após outras hecatombes, pouco lhes resta do que pronunciar o desacertado verbo da nação.