Avril au Portugal
O Courrier International traz, no seu número de 22 a 28/4, um suplemento sobre Portugal. Não é de grande qualidade. A pesca na imprensa portuguesa foi má ou então não houve muito por onde escolher. Vou mais por aí. Os nomes que assinam artigos são variados: Loureiro dos Santos, o cartoonista António, Sílvia Cunha, Cesar das Neves, Miguel Esteves Cardoso, Maria Luíza Rolim, Mário Soares, etc.
Entre este colorido Avril au Portugal (lembram-se dessa iniciativa dos sixties?), há um artigo assinado por Luísa Godinho e Cláudia Moura que me chamou a atenção. Nele pretende dar a conhecer-se aquilo que foram os cinco “momentos fortes” dos últimos trinta anos. Para tal, a escolha dos articulistas recai nas maiores manifestações públicas de rua que conhecemos nesse período: o 1º Maio de 1974 (a big manif), o 15 de Outubro de 1984 (CGTP e a tanga a sério), o 6 de Maio de 1994 (a manifestação da “geração rasca”), o 8 de Setembro de 1999 (Timor) e o 21 de março de 2003 (pretensa questão iraquiana).
Teria sido melhor uma escolha doutra natureza, i.e., mais atenta às grandes fases que escalonaram estas três décadas. Proponho estas: (1) de Abril de 1974 a Novembro de 1975 (fase revolucionária e da descolonização); (2) de 1980 a 1986 (fase depressiva: com mais 1/8 da população e na bancarrota, o país bate no fundo); (3) 1986: entrada na então CEE (euforia e fuga para a frente); (4) de 1985 a 1998 fase de reconversão (downzsizing nacional, novo-riquismo e aparecimento da tv privada) e (5) pós-Expo 98 (deslize apático entre confiança e várias crises emergentes).