quinta-feira, 22 de abril de 2004

Abril - 5



Um dia antes do golpe de 25 de Novembro, a justiça popular aparecia elogiada no República:

“Na Penha de França, por insuficiente organização, moradores contestaram a decisão de concentração popular de ontem, reunida para levar à prática a sentença do Tribunal Popular da Boa-Hora. A lição é clara: só apoiada no povo a nova justiça de classe das massas poderá ser aplicada pois é ao povo que cabe executar as novas leis que a burguesia não aceita e tenta ainda, a todo o custo, reprimir.”

Em Justiça popular, As lições do Torrão e da Penha de França/Notícia; República, 24-11-1975, p.1.

Na mesma edição, o jornal República referia-se já às movimentações militares que definiam o local do crime anunciado. Talvez não fosse por acaso. Os pára-quedistas “desviados” e “reconsiderados” tinham-se agora tornado no instrumento derradeiro ao serviço do big turn:

“Ao aperceberem-se que isto é uma luta de classes, muitos dos pára-quedistas ontem ‘desviados’, ao regressarem de Angola no ‘Niassa’, para a base aérea da Ota, pelos oficiais reaccionários que vinham com eles no barco desde Luanda” (coronéis Ramos Gonçalves e Almendra) reconsideraram as suas posições. Estão a aparecer aqui na Base Escola de tropas Pára-quedistas em Tancos, vindos da Ota, alguns mesmo chegaram durante a noite.”

Em ‘Páras’ recém-chegados juntam-se aos camaradas de Tancos, Notícia, República, 24-11-1975, p.1.