Abril - 4
Veja-se no post de hoje como funcionou a turbulência dos média em tempos revolucionários. Deixo aqui um leve sinal para a curta memória que nos liga a esses dias distantes. Já se sabe que as vias plurais são alérgicas às revoluções. Já se sabe que parece apenas existir uma única direcção com dois sentidos estritos em tudo o que acontece e se relata nessas alturas. Ponderados esses aspectos, desconhecidos na prática por malta mais novinha e muito liberal, deixo-vos agora dois comunicados que guardei durante trinta anos no meu arquivo pessoal (é curioso que, na altura, sobretudo a partir do Verão de 1974 - quando fiz 20 anos -, passei a conservar comunicados e recortes de jornal, talvez por ter entendido que o hiato que estávamos então a viver era incomum, singular e sobretudo irrepetível. Isto é, consegui antever em 1974 o horizonte de um futuro blogue que se iria intrometer no meu próprio destino nos idos de 2003) :
“Curiosamente, ou não, é em Outubro que se realiza a primeira R.G.T. para debater a linha ideológica do jornal, a pretexto de um artigo de autoria do senhor António Reis, dirigente do Partido Socialista”(...) Os trabalhadores da ‘República’ reafirmam o carácter apartidário da sua luta, pois apenas desejam participar no produto que fabricam, o que lhes é recusado pela actual Lei de imprensa, mas perfeitamente de acordo como momento revolucionário que o País atravessa.”
em Dos trabalhadores do Jornal Répública /ao Povo Português/s/d (final de Maio de 1975, pp. 1,2 - comunicado)
“Aquele que a si próprio se denomina de ‘Conselho da Revolução’ que afirma caminhar para o socialismo e lutar contra o fascismo, não hesitou em caminhar para o fascismo e lutar contra o socialismo para numa clara desmonstração de barbárie”(...)” calar uma voz ao serviço dos explorados e oprimidos...”
Em Bombas nos emissores da Rádio Renascença/Acção criminosa; 7 e Novembro de 1975, Lisboa (comunicado dos trabalhadores ocupantes da R.R.)