domingo, 14 de março de 2004

Dupla face, não obrigado



Não há legitimidade possível, seja de que ordem for, para o terrorismo. Para qualquer tipo de terrorismo. Independentemente da sua origem e motivação. Pôr em causa este ponto de partida (o que aconteceu, aqui e ali - e com certeza, aí, nas televisões - no debate acerca da responsabilidade do 11- M) é conciliar com os desígnios dos terroristas.
Uma faceta do actual correr dos tempos é precisamente vulgarizar e relativar de modo excessivo e labiríntico o que não merece sequer um nome, já que um nome é sempre, entre outras coisas, o estatuir de uma diferença. E o terrorismo não é diferente do terrorismo; é ele mesmo, sempre, igual a si próprio, hediondo. Ainda hoje, em Israel, a chamada Brigada dos Mártires de Allah reivindicou mais um acto hediondo.
Demarco-me frontalmente dos que choram Madrid e silenciam esse acto hediondo. Dos que choram Madrid e evitam a ETA. Dos que choram Madrid e falam do Iraque. Dos que choram Madrid e minimizam o 11/9. Dos que choram Madrid e não estão na Madrid em que hoje o mundo todo se transformou. Seja onde for.
Dupla face, não obrigado.