O tom apocalítpico
Num tom paternalisticamente angustiado, Guilherme Valente mostra-se, hoje no Público (Sup. Mil Folhas), tremendamente ameaçado pelas "astrólogas a zumbirem em todos os canais de televisão" e pelo facto de "30 por cento dos portugueses" atribuírem "ao destino a causa dos acidentes de viação". Trata-se, já se vê, de uma cuidadíssima análise ao estado da nossa cultura tendo como base um inquérito levado a cabo pelo Mil Folhas no terceiro dia deste novo ano. Duas conclusões: primeira - a azia do futebol tem as suas urdiduras no campo celestial da cultura; segunda - o povo português lê filósofos pré-modernos e prefere a providência, ou o dahr, à autonomização da indagação pós-iluminista. E depois? Parece que o articulista nunca viu um repolho ao lado de uma arranha-ceús e uma auto-estrada a passar pelo meio de um galinheiro.That´s what Portugal is all about.