Édipo
Acabei de ver Um Édipo de Armando Nascimento Rosa. Gostei do ar fresco, sobretudo do modo como a base trágica se transverte numa sequência paródica e satírica ateando, aqui e ali, o lume do quotidiano. Além disso, na peça, os personagens não são na sua maioria entes carnais, mas antes fantasmas, presenças ou vozes. É assim que a trama põe, na mesma carruagem um pouco pasoliniana, um Tirésias hermafrodita, a sua filha (de nome masculino) Manto e ainda Críscipo e Laio, este último uma espécie de ex-rei de Tebas perdido. Uma óptima surpresa hilariante, lúdica, mas também reflexiva.