Dança
Mikhail Rashkovsky
Ontem vi a Jo Stromgren Kompani (uma conhecida companhia de dança norueguesa). A partir da ideia de território inexplorado (a projecção inicial das aventuras de travessia do norte da Austrália e da Nova Guiné dão o mote à cena), os quatro bailarinos desenvolvem quadros que substancializam as tensões do corpo, pondo-o em ligação com um sincretismo de fundo, simbolizado pela língua oficial da Papua Nova Guiné, o Top Pisin, que, aliás, dá o nome ao espectáculo. Durante uma intensa hora de dança, o universo de sucessivas clivagens, a fractura permanente entre as situações criadas e o digladiar entre personagens sem rumo dialoga com sombras projectadas, com o minimalismo da cena e com alguma exiguidade rítmica. Em certos momentos, a ameaça de vazio chegou a atravessar o palco do Garcia de Resende. Mas houve também momentos de alguma exaltação. Fica o registo.
Novidade televista
Depois de ter comprado o phone video station, pude, pela primeira vez na vida, ouvir e ver, ao mesmo tempo, o destinatário de um telefonema (neste caso o meu irmão e família). Embora haja na imagem qualquer coisa entre o austronauta longínquo e o correspondente de guerra no Iraque, sempre se pressente alguma magia neste processo. E assim ganha raízes um novo membro do corpo teconógico que passa a percorrer os corredores da minha casa.