quarta-feira, 26 de novembro de 2003

Sussurro

Chove. As ruas a deslizar em água. Esboços de personagens a enformarem, a ganharem corpo. Espécie de superfície branca sob o amplificador: as figuras submergem e movem-se em câmara lenta, disforme, embalada. Há já alguns dias que persigo meia dúzia de personagens. São dois triângulos (não amorosos), seis movimentos que irradiam e criam destinos diversos. A teia ainda é frágil, é certo, mas prenuncia já mundos interessantes. Falta agora a escrita como argamassa para que esta rede filigrânica venha ao ser. Talvez tenha tempo lá para Fevereiro do próximo ano. Por agora é seguir a chuva, a moleza desordenada do tempo, as sombras esguias dos personagens e o quase imperceptível sussurro da imaginação.