Não territorial
Diz o Crónicas do deserto:
Considero importante navegar noutros mares para podermos perceber o nosso próprio estar, o nosso próprio devir. Do meu amigo, peço desculpa se abuso pretensiosamente do termo, Luís Carmelo uma frase que não perde nada quando retirada do contexto e vai no sentido daquilo que é a minha procura - as territorialidades em que nos afirmamos. Diz Luís Carmelo no seu miniscente que é preciso: "dar lugar a um saber que possa acompanhar as novas lógicas de significação que as culturas não territoriais (os "being-in-common", na expressão do semiótico australiano Alec McHoul) estão, hoje em dia, a formatar".
O Crónicas, mais à frente, pergunta: onde é que, no espaço da educação, esse devir "não territorial" poderá ganhar corpo? Eu diria que a concepção de Alec McHoul, ao entender as "communities" ou "being-in-common" como "course of activities" globais que progressivamente estão a suceder à noção pós-iluminista de cultura, se caracteriza precisamente pela sequência não territorial e geográfica. Ou seja, os problemas e o agir são tendencialmente os mesmos nos amantes do cibersurf, nos clochards, nos consumidores dos fluxos de notícias, nos circuitos bolsistas ou de telemóvel e ainda, por exemplo, nos amantes de objectos estéticos, no imaginário global da moda, etc.
A educação, enquanto prática de simultânea de construção de mundos e de enraizamento social, não pode perder de vista esta noção descentrada e actual que naturalmente espelha algum distanciamento face à esquadria do "Largo como centro do mundo".
Quanto à amizade, sempre!