quarta-feira, 5 de novembro de 2003

Lua da viagem

Estou de partida para Lisboa. Mais uma vez. Sempre. Como se Lisboa se tivesse tornado numa periferia sempre presente. De onde nunca saio. Talvez por isso o caminho tenha a forma de um vaivém. O teor de uma luz que se espalha sem explicação. O sentido a partilhar o diverso e a vista a repartir o incerto: a ponte, o rio, Monsanto e, antes ainda, o desmembrado fio da autoestrada a divergir no meio da paisagem, entre a imortalidade dos sobreiros e a doçura silenciosa dos muros muito brancos onde já houve lume, vida, pão e uma lua apaixonada e secreta.