Lua da viagem
Estou de partida para Lisboa. Mais uma vez. Sempre. Como se Lisboa se tivesse tornado numa periferia sempre presente. De onde nunca saio. Talvez por isso o caminho tenha a forma de um vaivém. O teor de uma luz que se espalha sem explicação. O sentido a partilhar o diverso e a vista a repartir o incerto: a ponte, o rio, Monsanto e, antes ainda, o desmembrado fio da autoestrada a divergir no meio da paisagem, entre a imortalidade dos sobreiros e a doçura silenciosa dos muros muito brancos onde já houve lume, vida, pão e uma lua apaixonada e secreta.