Intelectuais - 2
Diz o perspicaz Avatares de um Desejo que "mostrar um certo distanciamento em relação às tecnologias emergentes é uma daquelas marcas de água dos intelectuais". E tem toda a razão. A esses vestígios de fumo açucarado que ainda têm a sofredora marca sartreana, os tais a que EPC outro dia chamou incontinentes (ou tradutores) dos "códigos culturais", fica sempre bem dizerem que não entendem nada de blogues, nem de internet, nem dessas coisas que eles inventam. Geralmente chamam a isso tudo coisas estranhas, americanices do Bill Gates, bruxedos globais e meio capitalistas; enfim, para eles, belos nostálgicos sem terreiro onde berrar, nada melhor do que os tempos em que havia tertúlias fechadinhas e a malta falava cara a cara, mesa a mesa, cinzeiro a cinzeiro, e ainda havia vanguardas e tudo (pois fazia então sentido prenunciar futuros de ouro). Agora a rede, o anonimato dos circuitos abertos, as Margaridas digitais, os cyborgs e os chips e todas essas coisas omnipolitanas e a caminhar para um vago being-in-common onde já nem vai havendo cultura territorial e assistência e auditórios clássicos, ai, ai que horror!
A caravana há-de passar e os intelectuais ficarão a fazer companhia às aventuras do bom Tim-Tim (ler mais abaixo o post "intelectuais").