Adeus Novembro
Chove. Vejo ao longe, no circuito de manutenção, alguns atletas com fato de treino e espesso guarda-chuva. Correm desenfreados. Deve ser assim o bronze de Novembro. A voragem do corpo.
No último sonho da noite, lembro-me que havia um enorme gafanhoto encostado ao tinteiro e sempre, sempre a olhar para mim. A luz era branda, suave, a desenhar nas paredes do escritório uma mancha abaulada, informe, espécie de embarcação silenciosa e sem rumo.
Chove. Subitamente, chove mesmo muito. Lá ao longe, o circuito de manutenção esvaziou.
Abro o rádio e surge o Chico Buarque a cantar a Banda (lembro um Setembro qualquer passado em Elvas. Gárgulas, bicicletas, calor, a vista ilimitada).