Os perímetros dos média e da política
Acho uma piada ao corporativismo jornalista... de dentes abertos com a escrita de JPP !
Há malta que, de facto, tem dificuldade em distanciar-se dos labirintos em que vive e das linguagens em que nada e habita. Bastava ter visto ontem o Expresso da Meia Noite para sentir aquelas cumplicidades demonstrativas e pessoais que unem os jornalistas: "Todos conhecemos o acórdão", "Todos tivémos acesso a...", "Não há lista que não tenha já passado pelos olhos de todos nós", etc.
É ver a malta dos média a falar (com aquele espírito de grupo fechado que é amiúde e tristemente próprio da horda política - ver post mais abaixo) e a traçar com toda a naturalidade o perímetro que separa os fenómenos deles dos fenómenos do mundo dos outros. Muitos desses perímetros atravessam a terra de ninguém, mas também os pontos quentes da matéria política e de todas as suas inimagináveis margens de influência. É nesse entreposto que se joga o essencial da paroquialidade portuguesa, nessa corda bamba de que é cúmplice o mito da objectividade que é próprio do ofício dos média.
Bem se pode falar da política não judicializada e da justiça não politizada, já que é, justamente, nas mil e umas linhas (de fuga) que atravessam esses campos contíguos e aparentemente autónomos que os média surgem a desempenhar o seu papel mais corrosivo de delator ficcional.
Faça-se justiça para aquelas excepções em que os média desenterram da realidade o que a iniciativa civil, em democracia, jamais conseguiria.
Nada melhor do que tentar entender estas coisas com uma mínima e adequada proporção.