sábado, 20 de setembro de 2003

As casas portuguesas

O escritor Holandês Gerrit Komrij escreveu no seu romance Trás-os-Montes (Achter de Bergen):

“Uma balaustrada régia, barrocamente retorcida, contra um muro cego. Uma larga escadaria cerimonial que conduz a uma porta de cozinha para anões da floresta. Uma escada de betão em caracol que termina dois metros acima do ponto mais alto do telhado. Uma fachada com sete alpendres cimentados na parede. Uma varanda com vinte colunas romanas de betão, em redor de uma caixa de blocos absolutamente pirosa. Uma fachada caseira com duas torres medievais. Um cakewalk de betão às ondinhas que dá acesso ao jardim do segundo andar. Um beiral com smurfes. Uma varanda no segundo andar sem porta. Uma porta de abrir no segundo andar sem varanda. Muito mármore, também. Ornamentos sem sentido. Perdoe-se-me o pleonasmo.”

É a nossa paisagem (nortenha, mas não só) vista por outros olhos.