domingo, 10 de agosto de 2003
O calor abafado, crisálida repartida pelo rasto do nosso descanso. Verão, o território das areias imaginárias. Périplo doce. Existe no ar uma inteligência adormecida que prolonga este encantamento. Pena não a conhecermos. Mas ela vela por nós, em vigília. E terá um sabor a frutos vermelhos, líquidos, sem veste, sem pele, sem corpo, sem nada. Vermelho puro. Sem veias. Pousado nas nuvens, vagando pelo crepúsculo como a cobra minúscula que adormeceu no quintal, há três dias. Calor abafado. Terra de ninguém, ponto morto do tempo. A felicidade a crepitar por trás das palavras, na falha das palavras.