sexta-feira, 18 de julho de 2003
Umberto Eco, nas epístolas que trocou com o Cardeal Carlo Maria Martinio, em In cosa crede chi non crede ? (1997) recorre a uma analogia entre a mediação tecnológica e a miragem do fim (a morte), acabando involuntariamente por ilustrar, de modo exemplar, a necessidade de suspender o próprio fim, como se este fosse uma espécie de permanente meta-relato (recorro à tradução francesa): "Aujourd´hui, l´univers électronique nous apprend que peuvent exister des séquences de messages se transférant d´un support à un autre sans perdre leur caractéristiques uniques, et semblant même survivre comme pur algorithme immatériel à l´instant où, abandonné par un support, ils ne se sont pas encore imprimés sur l´autre. Et qui sait si la mort, au lieu d´être implosion, n´est pas explosion et impression, quelque part, parmi les tourbillons de l´univers, du logiciel (que d´autres appellent âme)”. Esta impressão é porventura a impressão com que o relato do fim se desdobra, em conotações sucessivas, até, quem sabe, se transformar no mito da eternidade.