segunda-feira, 28 de julho de 2003

Em breve, irei começar as obras. Muitas obras. Obras por todo o lado. No meio do imenso estaleiro, sobra um quintal entre muros altos onde pairam quatro árvores, um poço e algum manjericão. Olhei ontem para o quintal e desse olhar resultaram estas poeiras finas:


Como percorrer os anos e descer
entre glicínias até ao quintal onde o silêncio
é o que já foi
há tanto tempo afinal percorrido ?

os frutos no chão tão imóveis quanto a graça
que imaginei para aquilo que havia de ser o quintal
uns anos depois

havias de percorrê-lo e irias com os mesmos olhos
com que as folhas sangram ao vento

pelos degraus que descemos sem dar por isso
no primeiro dia em que os descobrimos.