terça-feira, 22 de julho de 2003
A alcatifa e o rombo. Ao longe, poeiras e umas letras. Vêem-se lâmpadas de feira e uns poemas revivalistas como arma de arremesso inteligente, mas de sabor a nada. Viro a página e o sol põe-se. Há gente a passar, um grande centro comercial, coisa imaterial com nariz à Concorde feito de um vidro espesso meio azulado. Quando me levantei, a alcatifa parecia um maremoto e ouviu-se Poum ! Vinha de baixo, da zona blogalizada, vinha desse magma de campeadores à solta, dessa matéria que não tem forma a não ser aquela que Cid, o aventuroso, herdou na sua solidão final. Um cais de anti-heróis. O rasgo dos ciberdeuses das máquinas de amanhã. Um fru-fru sem arrepio e sem norte. Uma cilada sem precipício. Cada nuvem no seu céu. Cada sorriso no seu rombo. E a alcatifa a dar-lhe, um fru-fru que vinha de cima e um Poum, POum que vinha de baixo. Ao longe, poeiras e letras, links, buganvílias, o ceú a arder e a palavra a ocupar o seu espaço quase inerte. Quando saí do centro comercial, virei à esquerda, depois à direita, e transformei-me na parte de dentro de uma bola de futebol. Era aí, afinal, que tudo se estava a passar. E está ainda.