domingo, 11 de maio de 2008

As minhas crónicas

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Deixo-lhe aqui, caro leitor, alguns extractos das minhas últimas crónicas. E em jeito de aperitivo, publico ainda um pequeno excerto da crónica que sairá a público na próxima quinta-feira (ver versões integrais no Expresso Online ou no meu Blogue de Crónicas):
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(...)"A cena parece evocar Eça. Sim: Eça falou do ócio em quase toda a sua obra. O nosso mais fiel escritor sempre escreveu sobre o mundo frugal em que as personagens se referem a gestas e afazeres alheios, mas onde o que conta verdadeiramente é o quadro vivo onde se move a cupidez, a inveja menor, a intriga, o desejo contido, o egoísmo e o acacianismo como causa e repetição ilimitadas. No fundo, Eça riu-se do mundo que melhor conheceu, do ambiente, de si próprio. E fê-lo entre o idílio cosmopolita e a sala de estudo arranjada por Jacinto – ou seria por Alberto João Jardim? –, que tinha a um canto um molho de varapaus e no ar um intenso cheiro a favas."(...)
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(...)"Por vezes, comparo as imagens de Frida Kahlo aos fantasmas que se passeiam pelas nossas cabeças. A pintora mexicana deixou no imponderável com que moldava a sua arte a ideia de vitimização (por vezes satírica), de denúncia sarcástica ou de impotência quase irónica. Em linguagem de Rafael Bordalo Pinheiro, essa arte teria espelhado sobretudo o logro das “esperanças vãs”, tal como cantava António Mourão na época em que o tempo ainda “voltava para trás”."(...)
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Crónica da próxima quinta-feira, dia 15 de Maio:
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(...)"Toda a performance de Pinto da Costa é atravessada por uma pretensa questão fundacional: como se a “História” fosse uma régua rigorosamente linear, o Norte impor-se-ia ao Sul mouro e as virtudes originais de um contrastariam com as corruptelas da arraia menor (conquistada) do outro. Uma rivalidade fantasiosa que só é vista e entendida no lado de quem a imagina. No caso Saramago, a questão postulada é a ibérica. Não a Norte-Sul e fundacional, mas a que perpassa a sobrevivência do país ao longo de séculos. Para os patrioteiros e para os continuadores doentios do tempo dos “Vencidos da Vida”, a fractura voltou a expor-se. Quer Saramago, quer Pinto da Costa adoram expor as fracturas. Com grande ostensão. Diria mesmo: com algum exibicionismo."(...)