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Na crónica da próxima quinta-feira (do Expresso Online), traçarei uma analogia entre duas tentativas obsessivas de demonstração: a primeira, até 2003, baseada na necessidade de provar ao mundo a existência de armas de destruição em massa no Iraque; a outra, desde há dois anos a esta parte, baseada na urgência em encontrar provas irrefutáveis para a existência de voos ilegais da CIA com destino a Guantanamo. Em ambas, imagina-se que uma aguerrida determinação (ou crença) pode transformar um desejo - ou uma ilusão - em realidade. Seja como for, este processo alquímico mais ou menos bizarro traduz um modo de pensar do início deste século: aliar a instantaneidade do convencimento à simulação da prova. Um novo modo de convicção. Pós-ideológico, claro. Mas com ressonâncias que vêm doutros tempos.