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(ver também no meu blogue de crónicas)
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I Love Tagus
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I Love Tagus
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Vivemos tempos de correcção. São tempos que ilustram essencialmente a lei do menor esforço. Não se trata de ler uma receita e aplicá-la, como acontecia com o homem medieval diante dos Evangelhos ou com o homem ideológico diante das barbas de Marx.
Não, não se trata já propriamente de causas. A coisa dava reumático.
Trata-se antes de reproduzir ideias, factos e lógicas do mesmo modo com que se compram Ipods ou pastilhas elásticas: ao sabor do momento, do piscar de olhos e do gosto que todos, ou quase todos partilham. Ou partilharão.
O bom praticante do potencialmente correcto não precisa de passar muito tempo a pensar: basta-lhe assobiar ou aplaudir como qualquer outro adepto que se senta num estádio de futebol. Basta-lhe a estrela da sintonia, o estar em comum, o espírito de rima falsa ou certa, mas, de qualquer modo: a rima.
O bom praticante do potencialmente correcto não persuade, nem seduz, porque, à partida, aceita de bom grado ser um ser seduzido. Ainda que nem dê por isso. O que geralmente acontece. Basta-lhe estar na onda e por isso acaba por interiorizar e imitar o que está a dar, o que o envolve, o que o delicia. Porque a delícia é feita, não de ideias, mas das mãos que fantasmaticamente se tocam e geram afectos.
Sim, os afectos: é nesse palavrão que reside o combustível do bom praticante do potencialmente correcto. Uma natureza em forma de eflúvio que, à moda das musas inspiradoras, faz sobrepor os sentidos a qualquer abismo próprio e sem rede por baixo.
O bom praticante do potencialmente correcto não precisa de pensar. Torna-se em matéria apensa ao original: um attachment que reenvia os louros e que se recomenda, como se fosse um anjo do bem. Mas de um bem exclusivo.
O bom praticante do potencialmente correcto sorri à moda dos pixels: ora acende ora apaga, ora acende ora apaga, mas não diz quase nada. E acredita em territórios sacralizados, em fronteiras fixas e em coisas que não se podem dizer: uma crença totalitária disfarçada por uma rave de pinguins. Uma cena muito à frente. E pretensamente livre.
O bom praticante do potencialmente correcto não é um seguidista e muito menos um plagiador. Poderá até irritar-se, mas adora ser parte de um eco maior. Adora entoar tons entre tons de um acorde concertado. Adoraria tornar-se numa luzinha suave da linha de montagem de uma fábrica de cerveja.
Mas da Tagus, não. Dessa jamais.
Até porque, como dizia um famoso cronista (era mesmo cronista?): Ceci n´est pas une pipe.
Vivemos tempos de correcção. São tempos que ilustram essencialmente a lei do menor esforço. Não se trata de ler uma receita e aplicá-la, como acontecia com o homem medieval diante dos Evangelhos ou com o homem ideológico diante das barbas de Marx.
Não, não se trata já propriamente de causas. A coisa dava reumático.
Trata-se antes de reproduzir ideias, factos e lógicas do mesmo modo com que se compram Ipods ou pastilhas elásticas: ao sabor do momento, do piscar de olhos e do gosto que todos, ou quase todos partilham. Ou partilharão.
O bom praticante do potencialmente correcto não precisa de passar muito tempo a pensar: basta-lhe assobiar ou aplaudir como qualquer outro adepto que se senta num estádio de futebol. Basta-lhe a estrela da sintonia, o estar em comum, o espírito de rima falsa ou certa, mas, de qualquer modo: a rima.
O bom praticante do potencialmente correcto não persuade, nem seduz, porque, à partida, aceita de bom grado ser um ser seduzido. Ainda que nem dê por isso. O que geralmente acontece. Basta-lhe estar na onda e por isso acaba por interiorizar e imitar o que está a dar, o que o envolve, o que o delicia. Porque a delícia é feita, não de ideias, mas das mãos que fantasmaticamente se tocam e geram afectos.
Sim, os afectos: é nesse palavrão que reside o combustível do bom praticante do potencialmente correcto. Uma natureza em forma de eflúvio que, à moda das musas inspiradoras, faz sobrepor os sentidos a qualquer abismo próprio e sem rede por baixo.
O bom praticante do potencialmente correcto não precisa de pensar. Torna-se em matéria apensa ao original: um attachment que reenvia os louros e que se recomenda, como se fosse um anjo do bem. Mas de um bem exclusivo.
O bom praticante do potencialmente correcto sorri à moda dos pixels: ora acende ora apaga, ora acende ora apaga, mas não diz quase nada. E acredita em territórios sacralizados, em fronteiras fixas e em coisas que não se podem dizer: uma crença totalitária disfarçada por uma rave de pinguins. Uma cena muito à frente. E pretensamente livre.
O bom praticante do potencialmente correcto não é um seguidista e muito menos um plagiador. Poderá até irritar-se, mas adora ser parte de um eco maior. Adora entoar tons entre tons de um acorde concertado. Adoraria tornar-se numa luzinha suave da linha de montagem de uma fábrica de cerveja.
Mas da Tagus, não. Dessa jamais.
Até porque, como dizia um famoso cronista (era mesmo cronista?): Ceci n´est pas une pipe.