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Hoje adormeceu de vez o equinócio, esse génio que faz da conciliação dos hemisférios o seu impossível ofício. Por ele, rasgam-se os espíritos e hesitam as fidelidades, contra ele gelam as noites e despem-se as árvores nas ruas. Para sinalizar a entrada em cena da lareira, a lua apareceu deitada no outro lado do mirante, como se fosse uma sineta frágil e acossada pelo vento. Embrulho-me no casaco de lã e revejo os olhos já fechados do equinócio, agora que enceta a longa hibernação que nos levará a todos, pelo túnel do demo, até aos reinos de Março.