quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Cerveja e literatura - 47

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Depois de narrar uma turbulenta chegada a Santiago do Chile e repetir exaustivamente a receita do vinho mais empanadas, só a um terço do seu romance, Jogos de vida e morte (2003), é que Ben Richards dá aos dois protagonistas (joe e Fresia Castillo) a proeza de uma discreta cerveja. Curioso é o facto de a condução e a apetência noctívagas se misturarem nas escolhas. Sinal dos tempos, por um lado, intemporalidades, por outro:
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“Sentaram-se num pequeno restaurante sob o calor impiedoso e seco. A mesa baloiçava, e o local cheirava a cera do chão e a repelente de insectos. O empregado tratou-os como se tivessem acabado de desembarcar de uma nave espacial oriunda de Marte. Joe pediu uma cerveja, e Fresia, uma garrafa de Fanta.
- Deverias tirar proveito do facto de ser eu a conduzir – disse-lhe Joe.
- Detesto beber durante o dia.”
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(Ben Richards, Jogos de vida e morte, tradução: Alberto Gomes; Editorial Presença, Lisboa, 2003/2005, pp. 93/94)