quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Cerveja e literatura - 22

Encontros providenciais relatados em livros excepcionais. Com uma inevitável cerveja de permeio:
e
“Fiquei na dúvida de como reagir ao vulto enorme. Mas ele sorriu-me. Percebi-lhe a grande mansidão dos que raramente sofrem medo e por isso não chateiam. Havia mesas vazias, mas a minha era a mais próxima da porta.
"Aqui corre fresquinho". A explicação do tipo. E ofereceu-me uma cerveja, no imediato.
Começou conversa como se sentara, sem convite. Vivia qual um peixe, livre de gravidade, esses puxões comprimidores de quem se inibe ante o contacto. Cornos de caracol não era. Falava como fornicava, como se batia: ao lai-vai-disto e taruga! Um destino à grega era seu tutor. Por isso, entre outras coisas, usava sem snobismo o nome, brotado no mato duma seita, bairro popular: Simão Cara de Cão.”
e
(Nuno Bragança, A Noite e o Riso, Círculo de Leitores, Lisboa, 1969/1985, p.108)