domingo, 26 de agosto de 2007

O rio

e
Tive diversíssimos encontros, episódios e solilóquios com, ou por causa do Eduardo Prado Coelho. Ficarão guardados. Não me apetece agora referir nenhum deles. Apenas uma lembrança menor e numerológica: fez ontem precisamente três anos que cumpri os meus cinquenta de idade. E nesse dia, por coincidência, quase à hora da festa que dei na minha casa de Évora, o Eduardo apareceu a deambular cruzando-se com a minha surpresa e queixando-se sobretudo do calor e de tudo o que "remetesse para o excesso". Desde esse momento até ao último dia da sua vida decorreram três anos certos e impiedosos. E por que se põe a gente (sempre) a dar coerência a coisas sem qualquer importância (como diria Kermode)? Talvez para reservar o que apenas pertence à nossa reserva mais íntima. Já seria, essa, uma boa razão. Sobretudo quando a inevitabilidade do panegírico invade todos - ou quase todos - os textos que hoje fazem transbordar o desmedido rio dos media.