quarta-feira, 27 de junho de 2007

Touradas e copinhos de leite - 1

Picasso (PTA)
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Como já não há polémicas há muito tempo no Miniscente, apetece-me perguntar ao Bruno: também alinhas nesse movimento anti-touradas? (ou tudo não passou de um toque irónico nessa res chamada "Casa do Pessoal da RTP")? O que me intriga é, não a transmissão de uma boa tourada, mas sim a transmissão da tourada sindical. Por outras palavras: o serviço público programa para quem lá trabalha ou para os vários públicos que existem no país?
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Não tenho interesses na tauromaquia, não sou dono de ganadarias, nem sou um aficionado tradicional. Nem vi, até hoje, mais do que duas ou três touradas ao vivo. Mas cresci com touros, forcados e cavalos à minha volta. Lorca esteve lá. Em adolescente não gostava nada do milieu. Mas há coisas que persistem, para além do gosto: a intemporalidade, a estética, o rasgo e o fundo da voz ancestral, para além dos rituais de sobrevivência (eu ainda me lembro de "malteses").
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A paz como produto sintético ou como simulacro socialmente correcto é um copinho de leite feito de pixels. É como a salvação ao contrário (um está tudo bem sem crença nem inclinações nobres). É como a cor do sangue convertida em travesti em estado de choque. Pouco mais do que isso. Os meninos pim-pam-puns encontraram aí - nas touradas - um vazio para preencher e para dizer 'Eu Sou'.
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Eu, pelo meu lado, vou tentar, este ano, finalmente, ver o concurso de ganadarias na nova Arena de Évora. Queres vir comigo?