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O Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Maria do Rosário Fardilha (http://divasecontrabaixos.blogspot.com/).
O Miniscente está a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Maria do Rosário Fardilha (http://divasecontrabaixos.blogspot.com/).
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1 – O que lhe diz a palavra “blogosfera”?
É um admirável mundo novo, mesmo se fica nos antípodas da fábula criada por Aldous Axley. É um mundo pouco organizado, onde impera a vontade livre individual, quase sem condicionamentos de estilo, forma ou conteúdo. Tem as suas castas, mas o sistema que as cria nada tem de científico. Se me ocorre esta associação, é apenas pela rapidez com que a inovação “blogosfera” se impôs.
Em 2004, quando me sugeriram que criasse um blogue, resisti. Acho que associava a blogosfera” a um ambiente frequentado por informáticos e adolescentes (alguns tardios). Nos jornais, teria lido qualquer boa referência à escrita de um ou outro blogger, mas mantinha a desconfiança. Criaram-me o blogue, ainda me lembro do email com as instruções, “blogger.com/start, por agora não mexas no template”, etc..
Talvez por causa dessa iniciação, persisto em olhar a blogosfera com um conjunto de indivíduos isolados, movidos pelas mais diversas motivações. Existem empresas, associações, embaixadas, várias entidades colectivas a gerir blogues, mas nas leituras que faço procuro sempre a “reason-why” do indivíduo. Cada um cria depois uma teia de relações virtuais, uma pequena “comunidade”. A blogosfera, hoje, é um conjunto infindável de pequenas comunidades e, quando passeio por lá, viaja comigo um sentimento de pertença ou de estranheza. Sei quando estou dentro da “minha” comunidade e quando entro em território desconhecido. Fascina-me, é claro, o visto Schengen comum que dá acesso a toda área. Nenhum outro meio permitirá maior e mais rápida liberdade de acesso e circulação.
A “blogosfera”, por permitir uma nova forma de expressão, massiva e mais livre; por oferecer entretenimento e informação à la carte tem ainda o mérito de ser uma das raras inovações de pendor tecnológico que não desumaniza. Ela serve de facto o Homem.
Penso nas motivações base que nos movem: hedónicas, oblativas e de projecção pessoal. Que outra actividade ou serviço é tão cabal na sua satisfação?
2 - Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Acho que nenhum. Os blogues têm servido sobretudo para me “avisar” da ocorrência de qualquer acontecimento e para perceber os diferentes estados de espírito ou sensibilidades que um mesmo acontecimento pode gerar.
3 - Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
O Divas & Contrabaixos aconteceu quando comecei a colaborar com um jornal regional. O blogue tem o nome da rubrica do jornal. Mas logo percebi que o jornal e o blogue tinham ritmos próprios. O D&C descolou-se da sua origem e passou a ser um espaço (para uma experiência) pessoal. Mas continuo a associar o blogue à minha inserção na cidade, Aveiro. Acabava de chegar e foi também através dele, ou por causa dele, que passei a viver com mais intensidade a cidade. Fotografei, pesquisei, conheci pessoas ligadas ao “fazer a cidade” e o blogue permitiu-me espalhar essa energia.
Com a minha entrada na blogosfera, descobri também “o zapping blogosférico”. É um entretenimento delicioso e que vicia. Nos primeiros tempos, era capaz de ficar horas em frente do computador, a navegar e a “blogar”; depois tornou-se um hábito mais moderado, mas ainda um hábito.
4 - Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Talvez alguns blogues tenham um editor-chefe na penumbra mas, por princípio, a blogosfera é editorialmente livre.
1 – O que lhe diz a palavra “blogosfera”?
É um admirável mundo novo, mesmo se fica nos antípodas da fábula criada por Aldous Axley. É um mundo pouco organizado, onde impera a vontade livre individual, quase sem condicionamentos de estilo, forma ou conteúdo. Tem as suas castas, mas o sistema que as cria nada tem de científico. Se me ocorre esta associação, é apenas pela rapidez com que a inovação “blogosfera” se impôs.
Em 2004, quando me sugeriram que criasse um blogue, resisti. Acho que associava a blogosfera” a um ambiente frequentado por informáticos e adolescentes (alguns tardios). Nos jornais, teria lido qualquer boa referência à escrita de um ou outro blogger, mas mantinha a desconfiança. Criaram-me o blogue, ainda me lembro do email com as instruções, “blogger.com/start, por agora não mexas no template”, etc..
Talvez por causa dessa iniciação, persisto em olhar a blogosfera com um conjunto de indivíduos isolados, movidos pelas mais diversas motivações. Existem empresas, associações, embaixadas, várias entidades colectivas a gerir blogues, mas nas leituras que faço procuro sempre a “reason-why” do indivíduo. Cada um cria depois uma teia de relações virtuais, uma pequena “comunidade”. A blogosfera, hoje, é um conjunto infindável de pequenas comunidades e, quando passeio por lá, viaja comigo um sentimento de pertença ou de estranheza. Sei quando estou dentro da “minha” comunidade e quando entro em território desconhecido. Fascina-me, é claro, o visto Schengen comum que dá acesso a toda área. Nenhum outro meio permitirá maior e mais rápida liberdade de acesso e circulação.
A “blogosfera”, por permitir uma nova forma de expressão, massiva e mais livre; por oferecer entretenimento e informação à la carte tem ainda o mérito de ser uma das raras inovações de pendor tecnológico que não desumaniza. Ela serve de facto o Homem.
Penso nas motivações base que nos movem: hedónicas, oblativas e de projecção pessoal. Que outra actividade ou serviço é tão cabal na sua satisfação?
2 - Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Acho que nenhum. Os blogues têm servido sobretudo para me “avisar” da ocorrência de qualquer acontecimento e para perceber os diferentes estados de espírito ou sensibilidades que um mesmo acontecimento pode gerar.
3 - Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
O Divas & Contrabaixos aconteceu quando comecei a colaborar com um jornal regional. O blogue tem o nome da rubrica do jornal. Mas logo percebi que o jornal e o blogue tinham ritmos próprios. O D&C descolou-se da sua origem e passou a ser um espaço (para uma experiência) pessoal. Mas continuo a associar o blogue à minha inserção na cidade, Aveiro. Acabava de chegar e foi também através dele, ou por causa dele, que passei a viver com mais intensidade a cidade. Fotografei, pesquisei, conheci pessoas ligadas ao “fazer a cidade” e o blogue permitiu-me espalhar essa energia.
Com a minha entrada na blogosfera, descobri também “o zapping blogosférico”. É um entretenimento delicioso e que vicia. Nos primeiros tempos, era capaz de ficar horas em frente do computador, a navegar e a “blogar”; depois tornou-se um hábito mais moderado, mas ainda um hábito.
4 - Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Talvez alguns blogues tenham um editor-chefe na penumbra mas, por princípio, a blogosfera é editorialmente livre.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca e Patrícia Gomes da Silva. Agenda para esta semana (15 a 20 de Janeiro): Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos e a Batukada.