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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Rogério Santos, professor universitário, 57 anos (http://industrias-culturais.blogspot.com/).
O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Rogério Santos, professor universitário, 57 anos (http://industrias-culturais.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Indica um novo espaço e actividade relacionados com a comunicação e a liberdade. Significa que eu posso criar um espaço próprio de comunicação e diálogo através de textos que publico e de comentários e mensagens que troco com outros elementos da blogosfera. Trata-se de um meio usando uma ferramenta fácil de construir, o que liberta o seu editor de dificuldades de arquitectura, o que possibilitou até agora que milhões de utilizadores da internet estejam capacitados para a criação de páginas pessoais ou colectivas.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
O pseudo-acontecimento do arrastão (hipotético assalto na praia a 5 de Outubro do ano passado) e os ataques terroristas em Madrid (Março de 2004), complementando ou mesmo dando informação fiável antes dos media tradicionais, foram foi bem retratados pelos blogues.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Desde que comecei a escrever em blogues, já há quatro anos, as minhas rotinas alteraram-se de um modo significativo. Vi-me obrigado a estar mais atento, a ler mais, a reflectir (e especular) mais. Em mim, os blogues começaram por ser uma ferramenta pedagógica, de apoio a aulas na universidade, onde desenvolvi tópicos que falara nas aulas mas permitiam complementar esses temas. Depois, "abri" uma fileira de assuntos, lendo e investigando, além de fazer laços com outros blogues, nomeadamente nas áreas do jornalismo e da rádio. Hoje, não passo um bocado do dia sem pensar nos temas a trabalhar no blogue. Se, inicialmente, o blogue onde publicava se confinava ao texto, as possibilidades de editar imagens - fixas e em movimento - levaram-me a procurar novas rotinas e novos temas. Apenas o registo de sons ficou confinado a algumas experiências. Neste ano lectivo, ousei pôr todos os alunos a criarem blogues, o que resultou numa explosão de mais 45 blogues, a partir de assuntos dados e discutidos na sala de aula, empregando o texto e as imagens em movimento. Devo dizer que, nestes anos de trabalho em blogues, aconteceram-me coisas fantásticas: um indivíduo invisual armazenou-me imagens num espaço seu, com um grande rigor técnico; ensinei um jornalista angolano a criar um blogue, o qual transmitiu o seu saber a compatriotas quando regressou ao seu país; fui convidado a participar e a apresentar uma comunicação num congresso fora do país graças ao meu blogue.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Um espaço ou forma de expressão tem sempre regras, direitos e deveres. Num blogue não se pode (deve) fazer a apologia do crime ou difamar; apesar de ser um espaço lúdico, a blogosfera fica mais rica se os editores a usarem como espaço público, de discussão de assuntos políticos (no sentido nobre da palavra). É também uma iniciação ao cruzamento de categorias como o texto e a imagem, sendo mesmo em muitos casos um meio de melhor expressão linguística e estética.
- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Indica um novo espaço e actividade relacionados com a comunicação e a liberdade. Significa que eu posso criar um espaço próprio de comunicação e diálogo através de textos que publico e de comentários e mensagens que troco com outros elementos da blogosfera. Trata-se de um meio usando uma ferramenta fácil de construir, o que liberta o seu editor de dificuldades de arquitectura, o que possibilitou até agora que milhões de utilizadores da internet estejam capacitados para a criação de páginas pessoais ou colectivas.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
O pseudo-acontecimento do arrastão (hipotético assalto na praia a 5 de Outubro do ano passado) e os ataques terroristas em Madrid (Março de 2004), complementando ou mesmo dando informação fiável antes dos media tradicionais, foram foi bem retratados pelos blogues.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Desde que comecei a escrever em blogues, já há quatro anos, as minhas rotinas alteraram-se de um modo significativo. Vi-me obrigado a estar mais atento, a ler mais, a reflectir (e especular) mais. Em mim, os blogues começaram por ser uma ferramenta pedagógica, de apoio a aulas na universidade, onde desenvolvi tópicos que falara nas aulas mas permitiam complementar esses temas. Depois, "abri" uma fileira de assuntos, lendo e investigando, além de fazer laços com outros blogues, nomeadamente nas áreas do jornalismo e da rádio. Hoje, não passo um bocado do dia sem pensar nos temas a trabalhar no blogue. Se, inicialmente, o blogue onde publicava se confinava ao texto, as possibilidades de editar imagens - fixas e em movimento - levaram-me a procurar novas rotinas e novos temas. Apenas o registo de sons ficou confinado a algumas experiências. Neste ano lectivo, ousei pôr todos os alunos a criarem blogues, o que resultou numa explosão de mais 45 blogues, a partir de assuntos dados e discutidos na sala de aula, empregando o texto e as imagens em movimento. Devo dizer que, nestes anos de trabalho em blogues, aconteceram-me coisas fantásticas: um indivíduo invisual armazenou-me imagens num espaço seu, com um grande rigor técnico; ensinei um jornalista angolano a criar um blogue, o qual transmitiu o seu saber a compatriotas quando regressou ao seu país; fui convidado a participar e a apresentar uma comunicação num congresso fora do país graças ao meu blogue.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Um espaço ou forma de expressão tem sempre regras, direitos e deveres. Num blogue não se pode (deve) fazer a apologia do crime ou difamar; apesar de ser um espaço lúdico, a blogosfera fica mais rica se os editores a usarem como espaço público, de discussão de assuntos políticos (no sentido nobre da palavra). É também uma iniciação ao cruzamento de categorias como o texto e a imagem, sendo mesmo em muitos casos um meio de melhor expressão linguística e estética.
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Entrevistas anteriores: Série I - Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira, Maria Augusta Babo, Luís Carloto Marques, Eduardo Côrte-real, Lúcia Encarnação, Paulo José Miranda, João Nasi Pereira, Susana Silva Leite, Isabel Rodrigues, Carlos Vilarinho, Cris Passinato, Fernanda Barrocas, Helena Roque, Maria Gabriela Rocha, Onésimo Almeida, Patrícia Gomes da Silva, José Carlos Abrantes, Paulo Pandjiarjian, Marcelo Bonvicino, Maria João Baltazar, Jorge Palinhos, Susana Santos, Miguel Martins, Manuel Pinto e Jorge Mangas Peña. Série II – Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca e Tiago Mendes. Agenda desta semana (de 4/12 a 9/12): Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati) e Rogério Santos.