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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é José Pimentel Teixeira, antropólogo, 42 anos (http://machamba.blogspot.com).
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Não gosto. Deriva da velha ideia, que encontrei quando comecei a blogar, de uma "comunidade" bloguística, com algo de comum e específico. Mero mito, pois. E altaneiro (e, paradoxalmente, juvenil). Felizmente essa coisa da "comunidade" vem a ser menos referida. Repare-se, p.ex., que ninguém diz "mediaesfera" (ou mídiaesfera, venha o diabo e escolha), "literatoesfera" ou coisas assim. Há "bloguismo", uma actividade que usa um meio de comunicação. Talvez mais transitório que outros que lhe são anteriores, cada vez mais me parece. Ou talvez apenas cansaço meu. E nessa actividade coisas e gentes muito diversas.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Não sei qual(is) o(s) acontecimento(s). Mas muitos. Vivendo longe de Portugal e não lendo os jornais não-desportivos os blogs deram-me primeira (e quantas vezes única) notícia de muitos acontecimentos nacionais, um verdadeiro regresso a Portugal após anos de distância. São, aliás, muito melhor forma de saber Portugal do que os jornais (que deixei de ler).
Quanto a acontecimentos internacionais talvez mais importante do que notícias são algumas reflexões (a lula brasileira via Origem das Espécies é um exemplo de algo que chega em primeira mão, ainda assim).
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Mau impacto. O meu início do bloguismo correspondeu a uma fase familiar de maior apelo doméstico. Nesse contexto a paixão bloguística inicial conduziu a um encerramento excessivo, a um ensimesmamento. Muito prejudicial à minnha actividade profissional, terrorista da vida familiar.
Em assuntos mais superficiais permitiu compreender que o que escrevia tinha menos apelo do que cheguei a pensar.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Quando aí houve uma polémica sobre a liberdade de expressão (aquando das caricaturas dinamarquesas sobre Maomé) escrevi-o repetidamente. A liberdade de expressão é sempre relativa, a sua defesa enquanto absoluta é uma mera falácia. Nesse sentido o bloguismo é livre. Depende da agenda de cada bloguista. Há homens livres há homens que não o são. Daí que haja bloguistas que blogam livres e outros que não o sabem ou podem.
e
Entrevistas anteriores: Série I - Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira, Maria Augusta Babo, Luís Carloto Marques, Eduardo Côrte-real, Lúcia Encarnação, Paulo José Miranda, João Nasi Pereira, Susana Silva Leite, Isabel Rodrigues, Carlos Vilarinho, Cris Passinato, Fernanda Barrocas, Helena Roque, Maria Gabriela Rocha, Onésimo Almeida, Patrícia Gomes da Silva, José Carlos Abrantes, Paulo Pandjiarjian, Marcelo Bonvicino, Maria João Baltazar, Jorge Palinhos, Susana Santos, Miguel Martins e Manuel Pinto e Jorge Mangas Peña. Série II – Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves e José Bragança de Miranda. Agenda desta semana (13/11 a 18/11): João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres e José Pedro Pereira.
Não gosto. Deriva da velha ideia, que encontrei quando comecei a blogar, de uma "comunidade" bloguística, com algo de comum e específico. Mero mito, pois. E altaneiro (e, paradoxalmente, juvenil). Felizmente essa coisa da "comunidade" vem a ser menos referida. Repare-se, p.ex., que ninguém diz "mediaesfera" (ou mídiaesfera, venha o diabo e escolha), "literatoesfera" ou coisas assim. Há "bloguismo", uma actividade que usa um meio de comunicação. Talvez mais transitório que outros que lhe são anteriores, cada vez mais me parece. Ou talvez apenas cansaço meu. E nessa actividade coisas e gentes muito diversas.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Não sei qual(is) o(s) acontecimento(s). Mas muitos. Vivendo longe de Portugal e não lendo os jornais não-desportivos os blogs deram-me primeira (e quantas vezes única) notícia de muitos acontecimentos nacionais, um verdadeiro regresso a Portugal após anos de distância. São, aliás, muito melhor forma de saber Portugal do que os jornais (que deixei de ler).
Quanto a acontecimentos internacionais talvez mais importante do que notícias são algumas reflexões (a lula brasileira via Origem das Espécies é um exemplo de algo que chega em primeira mão, ainda assim).
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Mau impacto. O meu início do bloguismo correspondeu a uma fase familiar de maior apelo doméstico. Nesse contexto a paixão bloguística inicial conduziu a um encerramento excessivo, a um ensimesmamento. Muito prejudicial à minnha actividade profissional, terrorista da vida familiar.
Em assuntos mais superficiais permitiu compreender que o que escrevia tinha menos apelo do que cheguei a pensar.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Quando aí houve uma polémica sobre a liberdade de expressão (aquando das caricaturas dinamarquesas sobre Maomé) escrevi-o repetidamente. A liberdade de expressão é sempre relativa, a sua defesa enquanto absoluta é uma mera falácia. Nesse sentido o bloguismo é livre. Depende da agenda de cada bloguista. Há homens livres há homens que não o são. Daí que haja bloguistas que blogam livres e outros que não o sabem ou podem.
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Entrevistas anteriores: Série I - Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira, Maria Augusta Babo, Luís Carloto Marques, Eduardo Côrte-real, Lúcia Encarnação, Paulo José Miranda, João Nasi Pereira, Susana Silva Leite, Isabel Rodrigues, Carlos Vilarinho, Cris Passinato, Fernanda Barrocas, Helena Roque, Maria Gabriela Rocha, Onésimo Almeida, Patrícia Gomes da Silva, José Carlos Abrantes, Paulo Pandjiarjian, Marcelo Bonvicino, Maria João Baltazar, Jorge Palinhos, Susana Santos, Miguel Martins e Manuel Pinto e Jorge Mangas Peña. Série II – Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves e José Bragança de Miranda. Agenda desta semana (13/11 a 18/11): João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres e José Pedro Pereira.