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Durante milénios, o homem adorou ver-se a si próprio como mera peça de um rebanho, cujo criador havia preparado e significado o mundo até aos ínfimos detalhes. A atitude explicativa que se tornou própria dos modernos ousou fazer do indivíduo um sujeito criador e dono de algumas liberdades (não há liberdade em absoluto). Mas a resistência a esse tremendo risco fez com que se reinventasse o antigo e tutelar rebanho (agora, sob a forma de estado) com o objectivo de retirar ao homem (quase todas) as suas preocupações de ser livre. E quando se tenta, hoje em dia, depurar o imenso edifício do estado, o protesto torna-se ao mesmo tempo numa reacção normal de sobrevivência, mas também numa atitude de recusa de uma liberdade para a qual não houve a mínima preparação.