quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Férias - 33

Antes de Donna Tartt, entrei em O Mestre de Petersburgo de J.M. Coetzee. Lê-se bem e tem o grande Fiodor como protagonista. O que me vem à cabeça é que Camus teria possivelmente escrito outro Mito de Sísifo se tivesse lido este livro. É que, no final do capítulo 9, Fiodor responde deste modo à filha da anfitriã: "Ninguém se mata, Matriosha. Uma pessoa pode pôr a vida em perigo, mas não se pode verdadeiramente matar" (...) ou seja: "pergunta a Deus: Salvar-me-ás?; e Deus - neste caso - deu-lhe uma resposta. Deus disse: Não. Deus disse: Morre". No fundo, mesmo no suicídio, existe um espaço de possibilidades que se situa entre a situação de risco criada e o desfecho. Belos pensamentos de férias!
(9/8)