Sento-me, olho em frente e pergunto ao adormecido coração do Domingo: o que fazer a este tempo imobilizado? O que fazer a estas formas extraordinárias (a curvatura dos muros, a brancura da ameixoeira, o brilho da relva), o que fazer a este sopro vital às vezes sem qualidades? O problema é apenas ter que perguntá-lo. Socorro-me do mais nobre nome que provavelmente o MEC-2006 citaria para fazer rimar “Uíge” com “sanduíche” e Peniche com parvoíce: Wittgenstein. O uso das coisas é, no fundo, o que elas significam. Assim sendo, está-se sempre aquém do sagrado e sempre para além da tentação artificiosa de rimar coisa com coisa. O tempo permanecerá, a axeixoeira manter-se-á e o tal sopro vital continuará. Indiferenciadamente. Nesse caso, mais vale levantar-me e ir fazer café. Foi o que fiz: é óptimo e veio directamente do Brasil.