segunda-feira, 10 de outubro de 2005

Autárquicas - 5


Mark Power

Para o grande público há duas linhas de força fundamentais na governação de Sócrates: por um lado, algumas reformas corajosas que tendem a irritar as fortes corporações do país; por outro lado, a habitual e viciada política de nomeações que tende a fragilizar o governo. Marques Mendes, que ontem sentiu o dom da vitória eleitoral, tem perante estas duas linhas de força um comportamento algo perverso: face às reformas, portou-se muitas vezes como um sindicalista, abrindo portas à demagogia que devia ser natural noutros sectores; face às nomeações, protestou amiúde como se, neste particular, o bloco central não tivesse sempre evidenciado um comportamento simétrico e mutuamente conivente. Estas considerações não lhe retiram mérito, sobretudo no modo com se soube opor às chamadas candidaturas judicialistas, mas fazem sinceramente pensar acerca do que significa hoje em dia ganhar eleições (e dos meios correntemente usados para tal).