segunda-feira, 22 de agosto de 2005

Dito sem agenda

Preferia um mundo em que comunicássemos todos por telepatia e sem agenda definida. Já não era preciso a semiótica para nada. Mas, nesse caso, o próprio corpo humano teria tido um desenvolvimento muito diferente. Provavelmente não teríamos membros para gesticular (lá se iam de vez as encenações de Paulo Ribeiro), provavelmente não teríamos lábios (lá se ia o suave mistério da Mona Lisa), provavelmente também não teríamos orelhas (lá se ia o sereno prazer ao som de Monteverdi). Estou em crer que, se não fôssemos seres semióticos, seríamos meros espigões marcianos sem aquela angústia primata que nos permite imaginar os olhos dos deuses e a cor do areal para onde estou agora a olhar. Não é?