quinta-feira, 28 de julho de 2005

Sinais - 1

Toda a gente concorda com a sensatez do manifesto dos economistas ontem divulgado pelos média. Mas há um ponto que eu destacaria e que é, no fundo, o mais português de todos: nunca se refere aquilo de que se fala. Há entre nós uma insaciada paixão pela expressão tabu que envolve a coisa dita sem jamais a dizer (neste caso, era a Ota e o TGV).
É como se a palavra nunca tocasse o alvo desejado. É como se um discurso nunca visasse um objecto real. É como se a burocracia nunca saciasse um circuito referenciado. É como se o desejo nunca tocasse na coisa amada. É como se um termo nunca se ajustasse à proposição que é a sua. É como se uma imagem nunca se centrasse em si própria.
É isto a "cultura"?