domingo, 19 de junho de 2005

Redescobrir poéticas

Para além do Carlos Bessa, do Vasco Gato, do Rui Pires Cabral e do Paulo José Miranda - tudo óptimo e jovem versejar -, redescubro sobretudo a poética da sesta. Tem sido assim, ontem e hoje, entre ralos, cigarras e o abafado rumorejar das nuvens baixas. Quarenta graus à sombra, sonhos descontínuos, fragmentos de argila, a pele em ardís e o cantil imaginário a doar ao viajante onírico o mais belo sumo da existência: a preguiça, a pausa, os olhos cravados no tecto onde abundam ainda penumbras em movimento e carros de cavalo muito lentos (interrompo, pois o meu cão - o Ulisses - não suporta a concorrência equestre e demonstra-o com a sua potente voz de quarto baixo).