segunda-feira, 2 de maio de 2005

Homicídio silencioso

Um filho de um casal meu amigo - que eu quase vi nascer - morreu num dia em que a bebedeira de um casamento, que lhe era totalmente alheio, o envolveu num jogo de ultrapassagens diabólicas. Tudo o que se passou depois foi de modo a obliterar kafkiana e sistematicamente as ocorrências para que nada se pudesse provar. E com bastante sucesso. De tal maneira que não poderei aqui dar os nomes aos bois. O futuro, já se sabe, é um processo praticamente arquivado, é a persistente mudez das instituições e é, em suma, o inapelável, o silêncio e a dor. Os meus amigos têm muita força, são gente forte e boa, mas, por isso mesmo, sofrem redobradamente. O meu abraço sentido para eles, hoje. Eles sabem porquê.