sábado, 9 de abril de 2005

Uma revelação na primeira pessoa

Estou a pensar num próximo folhetim. Depois da suave medida clássica de um amor fatal, gostaria agora de parodiar um género romanesco em moda. O alvo da brincadeira pode ser o género Light, o excurso exótico ou o estilo Dan Brown. Estou sinceramente mais inclinado para este último.
Creio que irei avançar dentro de alguns dias. Terei que proceder, entretanto, a alguma terraplenagem para depois poder escrever sobre o abismo e com muito pouca rede por baixo.
E pensam que eu não tenho currículo neste tipo de paródia?
Desenganem-se.
Chegou, a propósito, a altura de fazer uma revelação: sou eu o autor de três livros que por aí andam, sob a capa da heteronímia, um dos quais apela ao sexo e ao engate (fez-se notícia no Verão de há quatro anos nos jornais), enquanto os outros dois apelam à fé e a coisas espirituais quejandas (tendo sido bastante referenciados, de norte a sul, em jornais paroquiais de província, mas não só).
E esta?
Por que razão chegou agora a altura da revelação, apesar do editor? - perguntar-se-á.
Pois bem, porque me apetece. E é tudo (espero não ter uma zanga lá para os lados do Jamor, naqueles corredores que ligam a Oficina da Livro à Editorial Notícias e onde um novo “Campo” está, há pouco tempo, a nascer)
São os ditos livros os seguintes:

A Arte de Engatar - Guia para Tímidos de Ambos os Sexos, Joana Azevedo e Sá e Luís de Medeiros, Editorial Notícias, Lisboa, 2001.
A Profecia do Terceiro Milénio, Autor Anónimo, Editorial Notícias, Lisboa, 2001.
O Sentido da Fé, Eduíno Mascarenhas, Editorial Notícias, Lisboa, 2002.

Todos esses sou eu, está dito.
Devo dizer, já agora, que cheguei a pensar escrever uma história, cujos personagens fossem, precisamente, os autores destes livros (disse-o publicamente na Feira do Livro de Braga, há dois anos, ladeado pela Lídia Jorge e pela Teolinda Gersão que acharam muita piada à ideia). Mas confesso que já desisti do projecto, embora tenha ainda trabalhado umas oitenta páginas. Imagine-se!