sábado, 23 de abril de 2005

Há trinta anos - 1

Eleições, correrias, paredes dominadas pelo excesso de presença. Tinta, grafos, letras, rostos rápidos, adjectivos e advérbios à parte. Nuvens altas, palavras ditas, soletradas na televisão com vagar heróico e uma imensa amálgama de quadros, tantos tantos quadros talvez de cartolina com números e mais números desenhados à mão pela noite fora: a televisão era um ecrã oval e lento. Do outro lado, era a palavra revolução, a revolução, a revolução, era a arma do povo, era o tabaco, era a surpresa, eram as sandálias do pescador, eram mesas redondas, eram os partidos. E o país, sim, o país era um país muito atrasado à procura de um sentido.