terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

É verdade

Já tudo aconteceu no deserto:
já aqui se cruzaram oceanos, florestas luxuriantes, rios caudalosos, savanas intempestivas, praias temperadas e desalentos estépicos. Toda essa lembrança aparece agora distentida no horizonte, grão a grão, cacto a cacto, esqueleto a esqueleto, miragem a miragem, memória a memória. Aqui a morte e a vida, o pecado e a virtude, a brancura e a treva igualam-se. O que deve ser e o que pode ser equiparam-se. Sobra sempre a distância, o extremo, a voz erma, o som dos violinos, o desejo.

(continuo a escrever, já se vê)