sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

Subitamente

Uma pessoa é sempre uma individuação e não uma singularidade, porque se move entre intensidades: defesa, desejo, devir, afectos. O que conhecemos de uma pessoa, sem a conhecer pessoalmente, são simples traços de uma personagem muito fixada, já que aparentemente imobilizada nesse movente que ela na realidade percorre, que ela na realidade é.
Ontem conheci pessoalmente o MacGuffin. E senti de imediato essa distância (indizível) que liga a multiplicidade da pessoa à personagem que emerge da linguagem blogosférica.
O realismo é este aceno que diz em silêncio o que é a dissimulação e o que é a matéria. Embora o que nos individualize (e singularize) não seja da ordem da matéria, nem da ordem da dissimulação. Conhecer uma pessoa - e não uma personagem - é uma tarefa vasta, mas não necessariamente duradoura.
Vou gostar de conhecer o Carlos, pois tenho um grande respeito intelectual por ele (a Bota Rasa tem uma sala de espelhos que é lindíssima, retirada quase directamente de um oitocentismo puro e castiço).