quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

Dois em um e um em dois

Há paradoxos portugueses que são interessantes. Vejamos as três facetas de um em particular que anda aí muito em voga:
a) Toda a gente cala e reduz a tabu a homossexualidade, pretensamente, por causa da separação entre a esfera privada e a esfera pública;
b) Toda a gente envia e recebe SMSs que dizem alto o que todos dizem saber (nomeadamente que os dirigentes políticos A, B e C são gays. É interessante como o uso da palavra inglesa suaviza a alegada tempestade);
c) Toda a gente que é gay prefere viver na clandestinidade, sem tentar sequer fazer da vida um curso normal e assumido de direito próprio (a excepção é sempre coisa de malucos e excêntricos, tipo opus gay, artistas, meninos de coro, almirantes, actores, bailarinos, etc., etc., etc.).
Nos países protestantes sempre há menos hipocrisia; mas nós, portugueses, amantes de altares barrocos e de malinhas pretas de mão, adoramos ser dois em um.
Hoje lá tive que apagar mais um SMS que fingia ser
- já se sabe - mais uma mensagem de "santo natal"...